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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Cirurgias famosas Manoel Hygino O jornalista Gustavo Werneck iniciou a publicação em jornal de Belo Horizonte de uma série de reportagens sob o título de “Vidas em Transição”. Nela, focaliza casos pioneiros de cirurgias de redesignação sexual na capital e no mundo, assim como a primeira operação de desambiguação de sexo por aqui, o que se transformou em evento, como se diz hoje, com repercussão nacional. Era o que se proclamara uma cirurgia para mudança de sexo de uma jovem aluna do Instituto de Educação, então Escola Normal. O médico autor da façanha fora o Dr. David Corrêa Rabelo, e que se viu considerado celebridade. Nascido em Diamantina, em 1885, diplomado pela Faculdade do Rio de Janeiro, iniciou atividades profissionais no interior de Minas, na Clínica Geral, principalmente como médico de operários da construção ferroviária. Para especializar-se, praticou principalmente na França e Alemanha. De volta, fixou-se em Belo Horizonte, entrou para o magistério da Faculdade de Medicina, fundada por uma entidade de médicos, começando ali como professor de Anatomia e, em seguida, passando à seção de Cirurgia, da qual fazia parte a Pediatria Cirúrgica e Ortopedia, da qual se tornou catedrático. O também discípulo de Hipócrates, Pedro Salles, anotou em livro: “Sua tese marcou época em Belo Horizonte, por ter versado sobre um caso de hipospádias androginóide, em que houvera erro de registro civil do sexo do paciente, e David Rabelo, com uma operação, transformou em homem uma moça muito conhecida na cidade”. Era 1917. Esclareça-se que o serviço clínico começou a funcionar no Hospital São Vicente a 15 de maio de 1921, em meio a grandes dificuldades, e o próprio instrumental era o particular, que Rabello trouxera da Europa. David era um viciado em trabalho. Tanto, que preferia a mesa cirúrgica a uma sessão de cinema e teatro, como confessou. Para esclarecer, Pedro Sales informou que a cirurgia que David Rabelo fez em si mesmo não foi de apendicite, mas de hérnia inguinal, que teve enorme repercussão à época. É o que me cumpria contar, embora haja um manancial inesgotável de material utilizável para pesquisadores no Centro de Memória da Faculdade de Medicina, desde 1949, da UFMG. A quem interessar possa, recomenda-se visitar àquela unidade, que funciona em anexo. Os que se interessarem pelo tema terão ali farto e precioso material, sob cuidados especiais do Professor Dr. Luciano Amédée Perét Filho e sua equipe devotada, contando com o conhecimento e competência da historiadora Ethel Mizrahy.

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