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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: (Notícia publicada originariamente, com imagens, no @montesclaroscom - Clique aqui para ir e seguir o @montesclaroscom no Instagram) A cidade que a cidade não conhece. Uma foto na parede A filmagem é de uma Montes Claros de mais de 60 anos. A via, hoje, é uma das mais movimentadas e, na época, final dos anos 50, apresentava-se como embrião de uma das principais avenidas pelas décadas seguintes. A avenida - Coronel Prates, ou Avenida da Estrela - chegava ao fim exatamente ao chegar a Santa Casa, localizada numa praça servida de monturos de lixo, e animais vagando... Nada existia para além daquele ponto, exceto a viela que do fundo da capelinha de Padre Quirino conduzia ao Seminário Premonstratense. As moças de blusa branca e de saia azul marinho, com gola de marinheiro, as jovens eram alunas do Colégio Imaculada Conceição. As imagens foram feitas por alguém que se postou bem diante da Capela. Das construções que aparecem, apenas uma ainda está de pé: é o último prédio à esquerda, que vinha em construção à época, e até hoje pertencente à família Ribeiro Pires. No extremo à direita está o anexo do Colégio Imaculada, conhecido como Coleginho, onde meninos e meninas da cidade faziam o curso primário, das professoras beneméritas irmãs de caridade Salete e Eloína, Guido, Rosita, Edmunda, Lourdes, Marilda, Taís e a superiora, Irmã Canuta, belga, entre outras. Duas casas à esquerda - e estamos no Beco do Padre Marcos, cônego premonstratense que morava no casarão da esquina, até se transferir da cidade, nos anos 60, com grande fama de santidade, sofrido pelo desfecho. As demais casas eram de costureira e seus numerosos filhos; da dona de casa de nome Morena, esposa de um barbeiro, e a penúltima - antes do prédio - era de família de fazendeiro, descendentes diretos do primeiro vigário da Matriz, em 1835. Montes Claros tinha 10 mil habitantes e uma de suas principais avenidas ainda exibia posteamento no meio da rua, entre as duas pistas, de pouquíssimos carros, a ponto de servir de campo de pelada, de futebol. Só então o posteamento recuou para as calçadas dos dois lados, permitindo a criação de belo canteiro com árvores e vasta plantação de lírios, impiedosamente transformados em esconderijos para brincadeiras de esconde-esconde dos meninos da época, numerosos, terríveis... No silêncio da noite todo o relvado era território de vagalumes, silêncio quebrado apenas quando os bruaqueiros vinham de madrugada, trazendo o que vender, rapaduras e hortaliças, no Velho Mercado onde hoje fica um shopping popular. A avenida transformou-se então no mais importante endereço residencial da cidade, e assim foi, por décadas. Depois, depois virou um insensível corredor de carros, já sem o prédio do Ginásio Municipal e do Seminário Diocesano, e sem a memorial Igrejinha do Rosário, derrubada a golpes de trator, impiedosos. O prédio do Ginásio Municipal, depois Seminário Diocesano, foi convertido em sede de prefeitura e de mercantil supermercado. Uma cidade acabou, quando isso aconteceu. E o poeta itabirano pôde (era assim que se escrevia) repetir mais uma vez, com razão, e dor: uma fotografia subiu para a parede... Inútil ter saudade.

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