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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Independência e pobreza Manoel Hygino Os veículos de comunicação exploraram à suficiência o transcurso de mais um aniversário do 13 de maio, do fim da escravidão no Brasil?, em 1888. Procederam como deviam, considerando a importância de uma data de tamanha relevância. Continuamos também sofrendo os horrores da desigualdade, depois de duzentos anos de independência. Que independência é esta? O povão se aproveita dos finais de semana prolongado para explosões de alegria (no fundo, sem razões), gastando o dinheiro suado do ganho nos dias antecedentes, ou angariado por força do furto ou do roubo, que constituem um marco do tempo difícil que se atravessa. Quando se festejou os 200 anos da nação independente, Cristovam Buarque, professor emérito da Universidade do Brasil e membro da Comissão Internacional da Unesco para o futuro da Educação, perguntava o que havia a saudar, se o Brasil se encontrava com 33 milhões de pessoas famintas e mais de 20 milhões com alimentação deficiente; cerca de 13 milhões de analfabetos e 25% da população pobre. Para Cristovam, a pobreza continua porque não desperta sentimento político de solidariedade, nem entendimento conceitual correto. Para ele, o problema está no coração dos políticos, que não sofrem por causa da pobreza. Sente-se que a principal fonte da pobreza é a ausência do entendimento de suas causas. Ela não é gerada pela falta de crescimento e de renda na economia, mas por falta de comida, moradia, água, esgoto, atendimento médico, transporte urbano, escola, segurança. Para praticamente tudo, há necessidade de políticas de Estado. E saiba-se: a escravidão afeta não somente os pobres, pois amarra toda a sociedade. Para Joaquim Nabuco, tão pouco lembrado, exige-se o “instituto nacional”, com entendimento adequado das políticas estatais e com estratégia que assegure a cada um o que precisa para sair da penúria. Falta, pois, ainda muito para conquistar efetivamente a independência e o fim da escravidão, que não é só de negros. Os tempos correram céleres ou vagarosos, no entanto, as “classes” superiores, as privilegiadas, não quiseram perceber o mal que causam para as gerações que virão. É preciso, imprescindível, mudar a mentalidade e o sentimento dos que vivem esta hora “dificultosa”, como diria Guimarães Rosa.

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