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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O CAMPESINO DA BARRANCA DO RIO VERDE GRANDE. Em áreas quilométricas, milhares de agricultores de toda a região se deslocam para Montes Claros na sexta-feira. Um produtor rural à beira do Rio Verde Grande não é diferente. Sempre preocupado com uma ameaça existencial para a sua profissão, porém, não se deixa levar, mesmo sabendo que provavelmente não terá um sucessor do seu nível. Toda sexta-feira se desloca até à cidade levando queijos, ovos e frango abatidos e outros produtos caipiras. Ele se estabeleceu como agricultor aos 13 anos de idade – no final da década de 50 e início de 60. Veio da sua terra natal (antigo Sítio Bom Jardim) – local de pouso para tropeiros e viajantes que iam e vinham do nordeste. Incentivado pela sua irmã Almercina Mendes Braga (Dona Mércia) - senhora que de “franzina” só tinha na aparência física, somada ao bom coração, era uma grande trabalhadora. Segundo este menino, ele “nunca”... foi de mentira – com 10 anos de idade ordenava até 75 vacas duas vezes ao dia e ainda encurralava outros tantos animais. - Sempre diz um bom amansador de burro bravo. Ainda ele - conta que sempre foi um exímio caçador – atirava tão bem, ao ponto de matar dois catingueiros de uma vez só. Eu acredito..., por que, o Napoleão perguntava: - acredita Terta? - verdaaade! Só parou com esse hobby de caçar depois que lhe trouxe aborrecimentos. - Também devido às leis ambientais atuais! Nos momentos de lazer, gosta de assistir programas de TV, o seriado preferido são os episódios mexicanos do Chaves e Chapolin. Outro programa de entretenimentos assiste com seu espírito satírico – sempre inflexível com as vestes dos apresentadores. As novelas preferidas são os “remake’s” gravados no mundo do Campo - que mostram a dura lida dos produtores rurais nos dias atuais . Não obstante desprovido do padrão global, pois, está mais para “Seu Madruga” – no tocante a isso - não deixa de ser “Narcisista” - insiste em dizer que foi sua suposta beleza que conquistou o coração de uma jovem vizinha. - Casaram-se e juntos deram continuidade na lida com a agricultura e a pecuária – tiveram filhos – com foco na roça - criaram todos eles com muita destreza nos negócios. O casal sempre contentou em levar uma vida simples e discreta. No horizonte do comércio viram brilhar outro negócio. Embasados na culinária laureada pelo excelente tempero da Dona Neuza, resolveram abrir um restaurante debaixo das imensas mangueiras que decoram o paradisíaco quintal. O frango caipira foi a referência – entre uma prosa e outra, a dose de cachaça de Salinas e Taiobeiras descia redonda. Dona Neuza, cautelosamente nas panelas, cozinhava enquanto ele, com seu chapéu de Cowboy texano – sua marca registrada – serviam à clientela as cervejas geladas e a cachaça com torresmo - de “gorja”, muitos “causos” mirabolantes acompanhados com uma piada ali, outra aqui, sempre com aquela “aleivosia” intencional - hoje mais conhecida como “fake news the countryside´. Por baixo do chapéu branco de abas largas, até hoje, se sente o verdadeiro John Wayne no “tempo das diligências” à beira do Rio Verde Grande. Por muitos anos, ainda moço, neófito no casamento, tinha um trabalho árduo e os benefícios eram escassos. No entanto, ele estava sempre bem-aventurado. Quase todos os dias dirigia sua charrete pelas estradas vicinais de Mandacarú até Glacilândia–MG. Quando tinha uma carga completa, partia para oferecer aos seus produtos caipiras – ao retornar (segundo ele) o dinheiro adquirido – às vezes – dava apenas o suficiente para comprar mantimentos para ele, esposa, filhos e as vacinas para os animais. - Com o tempo, tudo melhorou! A charrete com seu cavalo “zaino cruzado” era que fazia os carretos das caixas de cerveja e a feira do restaurante. Foram 30 anos no restaurante caseiro – encerraram as atividades em 2015 – neste convívio fizeram inúmeras amizades: médicos, gerentes de bancos – delegados - juízes de direito – diretores de empresas – vaqueiros - marchantes - diretores de clubes e comerciantes. Ele não tem o conhecimento das letras – mas na matemática é uma “calculadora cientifica” - em poucos segundos a soma das despesas estavam prontas. Perante as amizades conquistadas, projetou seus filhos para uma sociedade que outrora era desconhecida. Ele é muito conhecido e grato devido ao seu trabalho na roça e no Mercado Municipal. Diante da projeção do restaurante, ficou mais famoso ainda com o frango caipira – torresmo e cachaça. Fama que gerou um apelido muito popular. - Estou falando de “Selvino do frango”! Selvino Mendes Teixeira há muitos anos – e até hoje – trabalha com “delivery” – como citado no início da crônica - toda a Sexta-feira segue para a cidade para as entregas de casa em casa – de loja em loja – seus produtos da roça - ovos caipiras, peixes e queijos. Depois da via sacra econômica, desce para o Mercado Municipal para uma longa prosa com os feirantes. Na parte da tarde retorna ao seu lar campestre situado perto da barranca do Rio Verde Grande. Selvino se gaba por tomar banho com chuveiro com água fria – mesmo no inverno de 9,0 º - mas, há quem diga que logo após seus banhos o banheiro fica todo vaporizado. É um septuagenário que dorme cedo e acorda às 04:00 horas da manhã, toma seu chá preferido, e vai cuidar das plantações e da ordenha de leite. É um avô – assim como a Dona Neuza, sua esposa - encantado com os netos. Em todas suas viagens à Taiobeiras, retorna com vários presentes e iguarias diversas. Hoje seus filhos são empresários na área de Auto Escola – Construtora e Restaurante – todos ainda seguem os conselhos disciplinares dos pais. Toda a prole é conhecida como “Os filhos do Selvino”- um bastão que eles (filhos) irão perdurar por muito tempo. O Sr. Selvino e Dona Neuza sempre orando pelos filhos e pelos netos que têm! Outro hobby benzido que o “Selvino do frango” tem, é a feira livre de Glaucilândia aos Domingos de manhã – se arruma todo – calçando aquele par de botas bico fino (couro de jacaré) – quebra o chapéu branco na testa... Partiu feirinha! Muitas vezes para agradar os feirantes compra produto que já tem em casa – um exemplo: frango caipira abatido - uma mania que é censurada pela sua amada Neuza. Selvino não cansa de relembrar a sua infância em Taiobeiras (antigo Sítio Bom Jardim) – relembra suas estripulias de adolescência e juventude – sempre se gabando de seus dons. Como diz Dona Neuza: “Quem gaba o toco é a coruja”. Outra desenvoltura do Sr. Selvino é com relação ao clima – sabe o dia ou mês que vai chover ou esfriar – de que lado virá à chuva – costume antigo de observar os procedimentos dos animais silvestres e a florada da vegetação natural. O cupinzeiro é o mais observado por ele – sempre diz que: se o cupim amanhecer molhado na época da estiagem – é “batata”, irá chover tal mês! - Muitas vezes acerta... Num “happy hour” em qualquer dia, é muito agradável e divertido bater um papo com o Sr. Selvino do Frango. Hoje está aposentado com 7.8. Reflexão: - “O saber a gente aprende com os professores e os livros – a sabedoria se aprende com a vida e com os humildes”. VI – VI - XXIII (*) José Ponciano Neto é Escritor - Historiador - Membro / Diretor Financeiro da Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas e Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.

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