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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Memória e Água. Ser montes-clarense é acima de tudo um cabra do sertão, ‘’é ser “baianeiro”. Não estamos tão perto da Bahia, como muitos pensam. No mínimo há 333 quilômetros. Não é perto! Mas, as influências são muitas. O sotaque, as crenças, a hospitalidade e mais algumas coisas. Só não somos muito de gostar do Axé. Nada contra! Quando observo a preocupação dos nativos paulistanos com a Cantareira, chego a imaginar que somos um pouco Calango. Não assustamos muito com a falta de chuva. Somos como o “paulistano/nordestino”, aquele que mora em Sampa, mas é do nordeste, estamos sempre acreditando em São Miguel e São José. Realmente nossas penitências e a fé têm corroborado. Lá das praias de São Sebastião do Rio de Janeiro, José Prates, mesmo próximo à imensidão do mar, não esquece do antigo Arraial das Formigas. Prates cita com veemência como era Montes Claros da sua época e com certo ressentimento da destruição da memória e, nós que estamos aqui, que só pensamos em sair se as coisas piorarem; estamos assistindo piedosamente esta demolição do memórial e nos lugares, surgindo mais garagens. E o pior. Garagens que mais parecem uma favela; em vez das telhas, estão usando um sombrite que parece tendas de lonas pretas. “Enfavelaram” as garagens. Não sabemos se atende o código de postura e ocupação do solo da terra montesclarina. Mas estão proliferando. Falando de memória e água, vamos a um lugar onde não falta nada disso. Dias desses fui à diamantífera Grão Mogol. Cidade que exibe com imponência seus casarões, igrejas, ruelas e muita água pelas pedras e rios. Como nossa reunião terminou cedo, fui fazer uma visita ao jornalista Alberto Sena e ao Sociólogo Lúcio Bemquerer. Minha intenção era parabenizar o Alberto Sena pela magnífica escolha de morar em Grão Mogol. Saiu das luzes da tumultuada Belo Horizonte e foi para o vale do Itacambiruçu, no sopé das alterosas do Barão, e ainda, ser gestor do maior presépio a céu aberto do mundo, feito pelas “Mãos de Deus”. Ao chegar, fui recebido pelo Dr. Lúcio que, educadamente conduziu-me à cozinha daquela casa espaçosa, salas assoalhadas com fachadas enfeitadas (José Prates iria gostar do estilo da casa). A cozinha panorâmica, visão para o vale e para o presépio, fogão de lenha, adega com as garrafas de vinhos cravadas numa pedra imensa. O jornalista Sena falou da carta da Sua Santidade o Papa Francisco reconhecendo o presépio “Mãos de Deus” um local evangelizador. Dr. Lúcio me presenteou com uma replica da carta e me convidou para o almoço, não pude aceitar, mais rápido possível teria de retornar a Montes Claros. Mas ficou o calor humano do Dr. Lúcio Bemquerer. Uma das personagens mais importante que o Norte de Minas tem. Bemquerer foi responsável pelo desenvolvimento do parque industrial de Montes Claros, Presidente da Associação Industrial de Minas e grande propulsor da Sudene. Dr. Lúcio sempre foi e continua sendo uma pessoa do “bem querer”. Não têm inimigos, sempre foi provido de elogios. Terminando minha conversa com os dois, reafirmei. – “Se Montes Claros não melhorar, a minha atitude será a mesma do Alberto Sena”. Irei para noutra cidade; Joaquim Felício ou Buenópolis, situadas no sopé da Serra do Cabral, onde sou mais familiarizado. Finalizando: Mesmo com a falta de chuva - as demolições assassinas da memória - tremores “naturartificiais” – garagens em forma de favelas – saudades dos tempos dourados e o medo da insegurança. Sou daqui! Sou montes-clarense e digo: – “Amo-te muito”. Sou como o sabiá – “ama a sanguínea / e deslumbrante aurora”. (*) membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.

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