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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Com esse futebol, não dá pra chegar Alberto Sena Tenho minhas dúvidas se essa ‘selecinha’ irá erguer a taça do Hexa. Duas Copas do Mundo ficaram para sempre na nossa memória, a de 1958 e a do Tri, em 1970. Apesar de toda efervescência futebolística consequente da Copa de 2014 no Brasil, a seleção da dupla Felipão e Parreira não tem passado de uma ‘selecinha’. E se continuar jogando o futebolzinho que mostrou contra o Chile, não terá a mínima chance de conquistar a Taça. Essa seleção não se compara a nenhuma vencedora, cujas imagens estão gravadas para sempre na nossa memória. A primeira grande Copa, a de 1958, quando Pelé estreou e Montes Claros pôde acompanhar tudo pelo rádio, na maior emoção, diretamente da Suécia, tinha craques. Desde o goleiro Gilmar passando por Nilton Santos, Garrincha até Zagalo, ponta esquerda. Eram craques inclusive na simplicidade. Foi naquela Copa que o futebol brasileiro se revelou ao mundo. Estávamos todos na sala de jantar da casa da Rua São Francisco e ouvíamos a narração do jogo. O rádio chiava, mas ainda assim pudemos ver com os ouvidos todos os lances dos gols contra a Suécia, quando a Seleção Brasileira se sagrou campeã do mundo pela primeira vez. A segunda grande Copa foi a do Tri, em 1970. O Brasil estava mergulhado na ditadura militar. O presidente era o general Garrastazu Médici, um dos mais violentos governos militares. Era a época do “Ame-o ou deixe-o”, período do “Milagre Brasileiro”, quando o economista Delfim Neto, ministro da Fazenda, era o todo poderoso. Quando Carlos Alberto Torres, o capitão do Tri levantou a Taça do Mundo, o Brasil entrou numa euforia que redundou em carnaval. Saímos pelas ruas de Montes Claros sentados até no capô de carros em movimento, lento, numa alegria desembestada e fomos direto para o Automóvel Clube onde houve um improviso de carnaval. A cidade vivia os dias de tranquilidade. O ‘point’ era a Cristal ainda resistindo aos tempos, onde naquela época se reuniam os amigos. A seleção brasileira brilhou com o futebol arte. De lá para cá, muita coisa mudou no futebol. Predominou a força em detrimento da arte. Os dribles desconcertantes de Garrincha e de Pelé já se perderam há muito tempo. O dinheiro passou a falar mais alto. Principalmente para os cartolas. O amor à camisa se foi, sepultado para sempre. Ficamos na saudade. Dia desses, Juca Kfouri comentou em sua coluna que o ex-jogador Roger, agora comentarista da Rede Globo, teria revelado uma vingança contra o técnico do Corinthians ao chutar propositalmente para fora um pênalti decisivo. E os torcedores até se matam pelos clubes de futebol, como se futebol fosse o que há de mais importante na vida, mais do que as necessidades básicas como educação, saúde, segurança pública e trabalho. É de se esperar que a seleção brasileira atual melhore o rendimento em campo, faça jus ao fato de estar sediando a Copa, porque o que foi mostrado até ontem não passa confiança alguma aos torcedores que têm olhos de ver e senso crítico ativo. O time joga novamente, sexta-feira, contra a Colômbia. Se perder vai acompanhar os jogos das arquibancadas. Na partida de ontem, o Chile também nada demonstrou que pudesse considerar os chilenos injustiçados, apesar da bola chutada no travessão. Na seleção brasileira não há nenhum jogador que nos faz lembrar Nílton Santos, Didi, Garrincha e Pelé. Neymar ainda não mostrou o que esperamos dele. Vimos um futebol medíocre, sem lances de belas jogadas e dribles de fazer levantar a torcida. Se tivéssemos craques como os da Copa de 58 ou de 70, a seleção brasileira não teria passado pelo vexame de ter de disputar pênaltis na própria casa porque não conseguiu fazer gols no tempo regulamentar. Nada contra a Copa. Mas todos nós sabemos, o País possui outras prioridades mais importantes. O possível sucesso que possa ser obtido por meio duma bola de futebol não resolverá os problemas crônicos brasileiros nos segmentos político e socioeconômico, cujas soluções independem dos pés. O importante é vencer na vida usando a cabeça não só para dar cabeçadas na bola e mordidas em adversários, mas em busca de ideias práticas em que a coletividade seja beneficiada.

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