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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Creio que muitos se lembrarão do comerciante Zé Amáro, amigo de toda gente lá pelos anos 50, 60 e 70. Mantinha o armazém mais movimentado do antigo Mercado de M. Claros, na Praça Dr. Carlos, cuja lamentável demolição privou Montes Claros de um dos seus símbolos, de uma de suas marcas. Zé Amaro, voltemos a ele e à sua alegria, era ruidoso. Falava muito alto, era pequenito, gordinho. Vivia esbaforido, de um lado para o outro, sempre empinando os óculos, suando. Era personagem central da vida de uma Montes Claros hoje submersa, mas nunca morta, burgo sentimental que encontrava nele a tradução lírica e divertida. Rocambolesca, até. Aqui, entro na história, ditada num improviso e numa saudade. Zé Amaro tinha muitos filhos. Quando nasceu o último, ou um dos últimos, ela propagandeou: ´vai ser general, será general...´. Todos se deliciavam com suas histórias, sua sinceridade, a autenticidade e pureza do sertão profundo, ditas a todo vento, repartidas com a freguesia anônima, e também para os de cumeeira, como o historiador Nelson Viana, sempre louvado, seu confidente preferencial. O múltiplo Dr. Konstantin, médico, búlgaro, humanista, filósofo, retratista, pintor e cartunista, dr. Konstantin imortalizou o pequeno grande Zé Amaro em dezenas de bicos de pena publicados nas nossas revistas, em especial na Encontro, de Lúcio de Benquerer (e acrescentei o de, de propósito, e todos entenderão o propósito, e o endossarão). Éramos felizes naqueles dias de doce isolamento, quando conseguir alguém falar para B. horizonte, por telefone, era o acontecimento do dia.... E Ze Amaro sempre repetindo... ´vai ser general...´ A cidade, antes de crescer, inchou, como segue inchada, incapaz de se reencontrar; Zé Amaro subiu para os páramos, levando o seu folclore; o mercado foi derrubado, virou cimentão, virou praça de comício, virou nada, e por fim virou...shopping popular - quando hoje seria o solar da nossa cultura; a avenida Coronel Prates, coitada dela, peitou a Cruz, provou do martírio e descendo vai, reduzida a correia de transmissão de um supermercado, irreconhecível, desventrada, exausta; tudo mudou, mudou muito, nem sempre para melhor, mas a profecia de Zé Amaro, recolhida por tantos, esta não desapareceu. ´Será general, vai ser generalll...´ O ´mais pequeno´ dos filhos de Zé Amaro, como me autoriza dizer o maior dos poetas portugueses, o mais pequeno cresceu, matriculou-se na Academia das Agulhas Negras, recebeu a espada de oficial e - não sei se ainda na presença física de Zé Amaro, empreendeu um carreira vertiginosa no Exército Brasileiro. É hoje general. Creio que esperando a última e definitiva estrela - das 4 possíveis. ´Em tempos de paz´, replica Zé Amáro, do céu. Comanda as tropas terrestres em Minas, subordinado apenas ao Comandante do Leste, antigo 1º Exército, e ao ministro. A profecia de Zé Amaro foi muito além. Não sei se o General Araújo já esteve em M. Claros na qualidade de comandante em chefe do Exército em Minas. Ou se esteve discretamente. Daria tudo para vê-lo passando em revista as tropas locais, sob o olhar, de pranto e alegria, do nosso insubstitível Zé Amaro. (Este desfile fica portanto transferido ao coração de quantos conheceram, amaram e se recordam de Zé Amaro, ícone de um tempo e de uma cidade - que nunca jamais morrerão, enquanto existirem doces lembranças, e profecias tais, como esta). Que Viva Zé Amaro!

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