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Mensagem: MINHA TIA YVONNE Ainda estou sob o impacto do acontecimento. Não consegui digeri-lo. Não importa a idade que a pessoa amada tenha ao partir; a partida é sempre dolorosa. A saudade é eterna e não tem ninguém que possa substituir aquela criatura em nosso coração e em nossa vida. Não consigo imaginar as reuniões da Academia sem a minha tia dirigindo-as. Nem consigo pensar em qualquer evento cultural sem a sua doce e elegante presença Lembro-me de Fernando Pessoa que, em um de seus poemas, dizia: (...) como se a tristeza Fosse árvore e, uma a uma, Caíssem suas folhas, Entre o vestígio e a bruma. Pois é, entre o vestígio e a bruma caem, uma a uma, as folhas da árvore de minha existência. Como não lamentar? Claro que sei que esta é a ordem natural das coisas e tudo que nasce um dia há de morrer. O pó volta ao pó, mas aquela chama que habitava aquele corpo material, essa chama é eterna. E a tristeza há de passar. “Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?...” Assim diz o poeta Caio de Abreu. Um dia essa tristeza vai passar, mas jamais a saudade... Pois bem, o quanto minha tia era importante para mim todos sabem. Mas, mais importante do que ela foi e significa para mim, está o que ela significa para Montes Claros e Francisco Sá. Eu era apenas uma menina, com cerca de cinco para seis anos, quando fomos, pela primeira vez, passar férias em Brejo das Almas e lá eu e meus irmãos adorávamos brincar no quintal da casa de tia Yvonne e Tio Olyntho. E, enquanto brincávamos, lembro-me muito bem, tia Yvonne dava aula em sua sala. Quantos ela não terá alfabetizado por aqueles recantos? E aqui, em Montes Claros? Educadora de várias gerações, agitadora cultural, escritora, poetisa, mãe, não biológica, mas pelo amor, avó e bisavó. Mulher determinada, guerreira, companheira extraordinária de um único amor. As duas cidades ainda estão de luto, mas ela permanece e continuará viva na História de ambas e não apenas na memória de cada um de nós. Ela foi, talvez, uma das mais brilhantes estrelas a brilhar no céu destas cidades. Um dos maiores expoentes culturais. Eu, que gozava de sua intimidade e de seu afeto, sei que ela desejava muito ser conhecida e reconhecida por sua terra natal. Pois foi e é. Seu sonho se realizou e que, agora, no além, ela possa estar em paz, sabendo que não guardou os seus talentos, mas os desenvolveu e distribuiu, generosamente, para todos que dela se aproximassem. Maria Luiza Silveira Teles
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