Preso em casa, em Brasília, desta vez por ordem do juiz Moro, ex-ministro José Dirceu deverá ser transferido ainda hoje para Curitiba; irmão também foi preso, em Ribeirão Preto

Preso hoje em sua casa, em Brasília, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, vai ser transferido ainda hoje para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. José Dirceu foi preso em nova fase da Operação Lava Jato por ordem do Juiz Sérgio Moro. A Polícia Federal também levou o computador pessoal de Dirceu e seu telefone celular.
IRMÃO
Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu e sócio dele na JD Consultoria, também foi preso (em Ribeirão Preto), assim como Roberto Marques, ex-assessor do petista. De acordo com a Polícia Federal, os 3 permanecerão à disposição da 13ª Vara da Justiça Federal. Essa é a 17ª fase da Lava Jato, denominada "Pixuleco", e ocorre em Brasília e nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
FOCO
O foco principal da fase são os beneficiários de pagamento de propinas envolvendo contratos com o Poder Público, incluindo beneficiários finais e "laranjas" utilizados nas transações. Também foram decretados o sequestro de imóveis e bloqueio de ativos financeiros. Entre os crimes investigados estão corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
PAGAMENTOS
Dirceu virou alvo dos procuradores da Operação Lava Jato porque várias empreiteiras sob investigação fizeram pagamentos à empresa de consultoria que ele abriu depois de deixar o governo do ex-presidente Lula, em 2005, no auge do escândalo do mensalão.
39 MILHÕES
O ex-ministro José Dirceu faturou, como consultor, R$ 39 milhões entre 2006 e 2013. Empresas investigadas pela Operação Lava Jato pagaram cerca de R$ 9,5 milhões, num período em que o diretor de Serviços da Petrobras era Renato Duque, preso em Curitiba e apontado como afilhado político de Dirceu.
SUPREMO
Amanhã, o ex-ministro Dirceu será levado para Curitiba, no jato da Polícia Federal, que fará escala em S. Paulo. A transferência do ex-ministro Dirceu depende de autorização do Supremo Tribunal Federal, já que o ex-ministro cumpre, desde novembro do ano passado, prisão domiciliar pelo processo do mensalão. Ele foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e, como não é réu primário, poderá permanecer em regime fechado caso seja condenado no processo da Lava Jato.
PROCURADOR
Segundo procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, o ex-ministro José Dirceu foi o instituidor do esquema de corrupção na Petrobrás. "Ele agiu e se beneficiou de maneira pessoal, para enriquecer pessoalmente, e não de maneira partidária", detalhou o procurador. Para a Polícia Federal, Dirceu repetiu na Petrobras o mesmo esquema usado no mensalão.
AGRAVAMENTO
Hoje, quando na prática começa o emblemático e fatídico mês de agosto na história política brasileira, a prisão de José Dirceu agrava as dificuldades políticas em Brasília, com desdobramentos na crise econômica, já por si muito grave. José Dirceu é o terceiro em importância no escalão que chegou ao poder em 2002. À frente dele, em importância estratégica, estão apenas a presidente Dilma e o ex-presidente Lula - afirmam os comentaristas políticos. O PT deverá se manifestar nas próximas horas.
20 MILHÕES
O juiz federal Moro decretou o bloqueio de até R$ 20 milhões do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.